Camaçari está completando 263 anos de emancipação neste dia 28 de setembro, embora saibamos que sua história é mais antiga e remonta, inclusive, a episódios marcantes de lutas. Mas voltando ao aniversário do município, foco deste artigo, temos pouco o que comemorar e muito a se preocupar. A cidade passa por um momento delicadíssimo.
Como é de conhecimento público, a fábrica da Ford fechou, deixando uma massa de milhares de desempregados. Com isso, além do desemprego, mais de R$ 15 milhões deixaram de circular mensalmente nos supermercados, lojas, restaurantes e estabelecimentos dos mais diferentes segmentos. Ou seja, além do prejuízo direto aos trabalhadores da Ford, ainda há o efeito colateral da diminuição de recursos circulando no comércio e setor de serviços, que agonizam.
A Prefeitura, que não prioriza mão de obra local, assiste a tudo isso passivamente. Age como se nada tivesse a ver. Não oferece sequer o básico como contrapartida. No momento em que a criatividade deveria brotar para ajudar com alternativas, o prefeito está como uma esfinge, indecifrável, sem dizer nada. Minimamente poderia oferecer, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, oficinas de capacitação em empreendedorismo e finanças para os demitidos da Ford, que receberam as indenizações pelo tempo trabalhado, mas que, na maioria dos casos, não sabem como usar o capital para gerar novas fontes sustentáveis de renda. Ou, quem sabe, uma parceria com o Sebrae neste sentido. #FicaDica
O quadro de incompetência do poder municipal alonga-se à incapacidade de atração de novos investimentos. Na Camaçari de anos atrás, governada pelo PT, chegaram Bridgestone, Gamesa, Columbian Chemicalls, Alston, O Boticário e tantas outras multinacionais. Na Camaçari de hoje, gestada pelo DEM, não chega nada. Nada evolui.
Até mesmo as obras públicas seguem em “banho-maria”. A principal obra da gestão, a duplicação do Viaduto do Trabalhador, tem anos de atraso, a um custo financeiro superior ao dimensionado inicialmente. Parte dos operários, inclusive, não vive e nem mora aqui, o que, aliás, é uma marca de Elinaldo, ressalte-se, pedagógica, já que esclarece bem que o cidadão de Camaçari não é prioridade.
Com arrecadação prevista, mesmo sem a Ford, de R$ 1,6 bilhão em 2021, Camaçari está cada vez mais empobrecida socialmente. As sinaleiras, as periferias, o comércio quase falido e o desespero das famílias alardeiam isso diariamente. Nosso povo merece ter mais dignidade e oportunidades. Merece um prefeito que honre e represente, de fato, cada um dos mais de 300 mil habitantes. Camaçari pode mais. Vamos continuar resistindo para, em breve, recolocar a cidade no posto de destaque positivo que ela merece.
Por Ivoneide Caetano